Como foi o Campeonato Sulamericano de 2024

Por fim, depois de muita expectativa e antecipação ao longo de vários meses, terminou o campeonato sulamericano de 2024. O torneio que foi realizado em Buenos Aires, na Argentina. Com quase 300 competidores, sendo mais de 20 deles brasileiros, sem sombra de dúvidas foi o campeonato de mais alto nível do continente depois do mundial. Fizemos ao longo dos últimos meses algumas postagens contando os detalhes e o que se esperava, mas agora, depois de terminado, com certeza vale a pena dizer os resultados e como foi o campeonato em si, assim como a performance dos brasileiros que lá estavam para representar!

Buenos Aires

Sobre o Campeonato

Antes do aspecto competitivo, é importante contar sobre os detalhes de organização e da experiência competitiva. O torneio foi realizado em um salão da Universidade Di Tella. O espaço era enorme, e contava ainda com uma sala anexa, que foi utilizada para os eventos BLD, e em algumas outras ocasiões. No salão principal, haviam 3 zonas de competição, com cores distintas, e inúmeras mesas com timers em cada uma, permitindo que dezenas de pessoas possam competir ao mesmo tempo.

Local do Campeonato

Ao chegar, o competidor recebia seu crachá com os horários, e uma bolsa com lembrancinhas tema do campeonato. Para os brasileiros, a ABRACM entregou um outro kit, com itens para ajudar os competidores brasileiros. Havia no local também uma tenda vendendo itens do campeonato, e um outro com venda de cubos. Além do tradicional estande da Rubik’s, patrocinadora oficial do evento.

Um pouco para a frente das mesas, haviam outras mesas, onde os cubistas poderiam se sentar para praticar e aquecer para as suas rodadas. Por fim, para controlar o frio, que é alto na região, a organização alugou um aquecedor, para melhorar a temperatura ambiente do local. Isso sem sombra de dúvidas fez uma enorme diferença, e ajudou muitos competidores.

Organização e Cerimônia de Abertura

Em termos de organização, o evento foi um sucesso. Mesmo com o tamanho e número de competidores, a equipe de Staff trabalhou duro ao longo de todo o torneio, o que garantiu uma experiência inesquecível para quem estava competindo. Como mencionado, houve também uma transmissão, a partir do segundo dia, que contou com uma equipe de narração, que fez um excelente trabalho. Em alguns momentos, como na Nations Cup, se aproximou de 1000 o número de espectadores online na transmissão.

A cerimônia de abertura também foi muito especial, com apresentação de todos os países participantes, fotos de cada delegação, anúncio do troféu do 3×3, a apresentação do livro “Mas Allá del Cubo”, o primeiro livro escrito por um speedcuber, de Gael Lapeyre, e publicado em espanhol, português e inglês, foram parte da cerimônia. Mas é claro, tudo isso é muito empolgante, mas mais ainda são os resultados, que passam longe de deixarem a desejar. E é disso que falaremos agora!

Recordes Quebrados

Antes de falar dos títulos, vamos falar dos recordes que foram quebrados nessa edição. Foram ao todo 8 SARs, e mais de 30 recordes nacionais. O primeiro SAR foi quebrado pelo brasileiro Vicenzo Cecchini, que empatou o seu próprio recorde no Square, com 5.46 de média. Logo em seguida, Manuel Gutman, da Argentina, rompe a média do 5×5 vendado, com o primeiro sub 5 do continente! Francisco Moraes, segue em alto nível, com seu 45.60 de média no 5×5. E Mateo de León finaliza o dia com o SAR de média no Clock, com 4.34.

No segundo dia, não tivemos nenhum SAR, mas no terceiro, Claudio Matias Cancino garante o SAR de média no 4×4, chegando muito próximo do sub 25. E no último dia do evento, Caio Sato abaixa seu próprio SAR no OH para 9.40, e Mateo De León, volta com tudo no Clock, quebrando o Recorde continental de Single e Média na final.

Uma infinidade de recordes nacionais incríveis, assim como tempos incríveis de maneira geral também foram feitos no torneio, mas o post ficaria enorme se falássemos de todos eles. Caso queira conferir, clique aqui para acessar a página do campeonato.

Títulos

Em termos de títulos, as disputas foram as mais acirradas possíveis, sendo quase sempre decididas no detalhe.

Big BLD

No Multi-BLD, Nicolas Campanário foi campeão, com 27 pontos em 1 hora. O Brasileiro Marcos Semolini veio logo atrás, por apenas 1 ponto de diferença. Manuel Gutman com 24 pontos, fechou o podium.

Marcos Semolini

No 5×5 vendado, o título foi relativamente fácil para Manuel Gutman, com um impressionante 4:15. Marcos Semolini ficou em segundo, com um incrível NR de single. Nicolas Campanário fechou o podium.

4×4 Vendado foi outro título com larga vantagem para Manuel Gutman, mais de 1 minuto a frente de Marcos Semolini na segunda colocação. Novamente Campanário ficou em terceiro lugar, repetindo o podium.

Side events

No Square-1, Vicenzo se sagrou tricampeão com uma certa folga. Com 3 segundos de diferença para o segundo colocado, ganhou essa edição com um 6.32 de média. Andrés Hisashi se superou muito, e ficou com o segundo lugar, deixando o argentino Felipe, em terceiro.

Vicenzo Cecchini

No Skewb, após uma performance magnífica, Michael Fonseca, do Chile, garante um título para seu país. Federico da Fonseca e David Rendón completam o podium. Fato curioso é que ambos estavam também no podium em 2022.

Pyraminx para a surpresa de muitos foi vencido pelo brasileiro Vicenzo Cecchini. O atual campeão consegue defender seu título, e consegue o bi-campeonato, com a única média sub 3 da final. Sebastiano Benato segue em segundo lugar, e Gustavo Alonso fecha o podium. O brasileiro Mario Dias ficou em 4 lugar, a 2 décimos do podium.

Megaminx era uma modalidade em que o primeiro e segundo lugar já estavam definidos. Leandro Martín Lopez vence, com Juan Pablo Huanqui em segundo lugar. Damián Campos consegue o terceiro lugar, ficando a apenas 1 segundo de Huanqui, em uma performance excelente.

Clock marcou uma performance incrível dos uruguaios. Mateo de León vence quebrando ambos os SARs, e Santiago Cabral fica muito próximo em segundo lugar, com um tempo que antes da rodada seria também recorde Sul-Americano. O terceiro lugar ficou com o Brasileiro Pedro Lima, que foi extremamente consistente em toda a final.

Big Cubes

7×7 era uma modalidade bastante incerta. Com apenas 1 segundo de diferença, Theo Goluboff vence, com Gabriel Santiago em segundo. Francisco Moraes fica em terceiro lugar, quebrando NR na final.

Theo Goluboff

6×6 foi a vingança de Gabriel, que consegue garantir o seu título. Em segundo lugar ficou Francisco Moraes, que além de quebrar o NR de média, ficou apenas meio segundo atrás do colombiano. Claudio Matias fecha o podium.

No 5×5, diferentemente do que estavam pensando, o título acabou indo para Theo Goluboff. No entanto, mesmo com a boa performance de Francisco, o argentino conseguiu se destacar, quebrando recorde nacional na final. Claudio Matias ficou com o terceiro lugar.

O 4×4 foi uma modalidade muito conturbada. Os embaralhamentos não estavam bons, e quase todos tiveram uma performance ruim na final. Mas Francisco Moraes conseguiu quebrar recorde nacional de single, e contar um 23, e ganhou com quase 2 segundos de vantagem. O podium foi completado por Theo Goluboff, e Batista Bonazzola.

Francisco Moraes

Categorias principais

No OH a grande disputa era entre Theo e Caio. O argentino levou a melhor, após conseguir fazer 2 8s na final, e mesmo assim ganhou por apenas 1 décimo de diferença. Vicenzo Cecchini completou o podium.

No 3×3 BLD, Manuel Gutman teve que ir safe na terceira, após dois DNFs, conseguindo um 19.05. Assim, permitiu que Gianfranco conseguisse uma solve de 17 segundos no mesmo embaralhamento, e se tornasse bicampeão da modalidade. O terceiro lugar também foi muito disputado, mas foi vencido pelo peruano David Quispe.

2×2 foi talvez a disputa mais acirrada de todas. Mesmo começando com a performance incrível de Juan Miguel ao longo da final, Gabriel Alonso consegue um excelente tempo na última solve, e vence o campeonato, com NR na final. E por fim, o terceiro lugar ficou com José Antonio Cuipal. Fato curioso, esse foi o único podium sem a presença de um brasileiro ou argentino.

3×3

Mas a final do 3×3 merece um comentário a parte. Os 16 melhor competidores do continente se reuniram no que foi a final de mais alto nível da América do Sul. Dentre os nomes que podiam vencer, tínhamos os 3 brasileiros, Caio Sato, Vicenzo Cecchini, e Francisco Moraes. Além disso tínhamos outros grandes nomes, como Theo Goluboff, Claudio Cancino, dentre outros, que era esperado que disputassem os lugares mais altos do podium. A final foi feita em formato Head-to-Head, com os competidores indo de 2×2, dos piores classificados, até os 2 melhores.

O primeiro brasileiro a competir foi Francisco Moraes, que com uma média de 6.89 se colocou naquele momento na primeira colocação da tabela, em uma performance excelente. Logo em seguida, Vicenzo Cecchini vai para competir, e começa fazendo o melhor single da história das finais de sulamericano, com um incrível 4.89. Mantem uma performance constante e uma média de 6.48, assumindo a primeira posição da tabela. Por fim, o último brasileiro a competir foi Caio Sato, que conseguiu uma média brilhante, de 6.11, e ganhando o tão sonhado título Sulamericano.

Caio Sato

Em suma, foi uma final de altíssimo nível, com diversos tempos excelentes. Foi também o podium mais rápido da história do continente, e ainda mais impressionante que isso: Todo o podium foi constituído de brasileiros. Isso feito em território argentino é sem dúvidas um marco histórico, e que será lembrado por muito tempo. O mesmo trio que formou o podium foi protagonista na nations cup, mas essa história será contada em uma das próximas postagens aqui do blog!

“Quadro de Medalhas”

Por fim, encerrando a parte competitiva, falaremos brevemente do quadro de medalhas. Foram ao todo 51 medalhas a serem disputada, 17 delas títulos, que ficaram distribuídas entre os países da seguinte forma:

Argentina em primeiro lugar, com 17 medalhas, sendo 7 de ouro, 4 pratas e 6 bronzes. Brasil em segundo lugar, com 16 medalhas, apenas 1 a menos, sendo dessas 5 ouros, 7 pratas, e 4 bronzes. Logo em seguida, emo Chile, com 5 medalhas, sendo 2 ouros, 1 prata e 2 bronzes. O Peru e a Colômbia empatados, com 1 ouro, 2 pratas e 2 bronzes cada. E por fim o Uruguai, com 3 medalhas, sendo 1 ouro e 2 pratas.

Brasil

Fim do Campeonato

Assim, essas foram as emoções do tão aguardado campeonato Sulamericano de 2024. Assim, além de bons resultados dos brasileiros, percebe-se que o nível tem aumentado cada vez mais, e com certeza deve continuar ao longo dos próximos anos. Além disso, para quem estava lá, sem dúvidas a experiência de encontrar pessoas de outros países e culturas que compartilham o amor comum pelo cubo mágico, sem sombra de dúvidas será inesquecível! E então, que venha 2026.

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