Os Brasileiros que já foram Campeões Mundiais de Cubo Mágico

A cada dois anos ocorre uma edição do Campeonato Mundial de Cubo Mágico. Como em qualquer esporte, o mundial é o grande torneio, que define os campeões de cada uma das 17 categorias oficiais. É o ponto mais alto que um cubista pode chegar competitivamente, e tem um significado enorme em suas carreiras. Estamos acostumados a ver os grandes nomes do mundo disputar esses títulos, mas você sabia que já tivemos brasileiros ocupando a mais alta posição? E melhor ainda, não só 1, mas 3 brasileiros já foram campeões mundiais. Hoje você vai conhecer todos eles!

Todos esses títulos tiveram sua concretização no mundial de 2015, que ocorreu no Brasil. Por ser em território nacional, isso possibilitou que muitos brasileiros participassem e brigassem pela mais alta posição no podium. De modo geral o torneio que ocorreu no Colégio Etapa em São Paulo foi um grande sucesso que sem dúvidas entrou para a história. Vários nomes do speedcubing internacional, como Feliks Zemdegs estiveram presentes e quebraram diversos recordes. Mas sem mais enrolação, vamos conhecer os campeões.

Campanha no 3×3 with feet


Possivelmente o título mais conhecido dos 3. Gabriel Pereira Campanha foi o primeiro brasileiro a quebrar um recorde mundial. E foi na categoria que por muito tempo foi destaque internacional do Brasil, o 3×3 com os pés. Talvez muitos não saibam, mas até 2019 essa era uma das categorias oficiais (havia 18 na época), e claro foi um dos eventos daquela edição do mundial.
Gabriel é sem dúvidas um dos maiores nomes dessa categoria no mundo. Quebrou ao todo 5 WRs, sendo até hoje o brasileiro com mais recordes mundiais em sua carreira. Foi para a final como o grande favorito, mas se engana quem pensa que a disputa seria fácil. O polonês Jakup Kipa também estava presente no torneio, a primeira pessoa que conseguiu quebrar um recorde de Campanha, no ano seguinte, e ainda em 2015 já possuía grande destaque. Na época por ser M03, qualquer erro poderia custar uma vitória.
Mas isso não desmotivou o brasileiro, que começou com 2 solves de 34 segundos. Essa consistência foi quebrada positivamente na última tentativa, com um sub 30, que garantiu a ele uma média de 32.51. Isso o consagrou como campeão mundial do evento que mais gostava, e que colocou o seu nome, e o do Brasil no topo do mundo.

Ultimo WR batido por Campanha

João Batista no FMC

João Batista Ribeiro Costa conseguiu na mesma edição um outro título bastante emblemático. O competidor era bastante conhecido na época por sua performance excepcional no 3×3 em menos movimentos. Para quem não conhece, não se trata de uma modalidade “speed”, o foco aqui é a eficiência. O cubista recebe um embaralhamento, e tem 1 hora para encontrar a solução com o menor número possível de movimentos.
É uma modalidade extremamente tensa. O competidor tem que lidar com a pressão ao longo de 3 tentativas de 1 hora, e qualquer movimento a mais ou a menos pode ser a diferença entre o título e ficar fora do podium. Fora a possibilidade de errar um movimento, e ter assim sua tentativa desqualificada. Batista com certeza sabia de tudo isso, e manteve uma consistência impecável ao longo da rodada. Alcançando a média de 25.67 movimentos, que além do título, deu para ele o então recorde sul-americano de média.
E se torna ainda mais emblemático, considerando que esse campeonato aconteceu em 2015, no Brasil, 1 ano após a copa do mundo que também foi no Brasil. Como todos sabem, o Brasil perde de 7 a 1 para a Alemanha na semifinal. E por coincidência do destino ou não, todos os seus adversários eram alemães. No top 5, 4 eram competidores extremamente fortes da Alemanha. Mas o topo dessa vez ficou com o brasileiro.

João Batista

Gabriel Dechichi – MBLD

Para finalizar, temos um dos maiores nomes do speedcubing brasileiro, que claro não poderia ficar fora dessa lista. Gabriel Dechichi Barbar, além dos diversos títulos e recordes brasileiros e sul-americanos, alcançou um título mundial também em 2015. Porém não na modalidade que muitos esperam. Ele é mais conhecido por seus recordes no 2×2, 3×3 e 3×3 com uma das mãos. Mas seu título foi no 3×3 MBLD.
O evento consiste em resolver o maior número possível de cubos, sem olhar, em menos de 1 hora. Dechichi fez duas tentativas, a primeira com 21 cubos, e a segunda com 19. Na primeira ele consegue apenas 11 pontos, longe do suficiente. E na segunda 17. Vale ressaltar que a disputa seria extremamente acirrada. Vários competidores fizeram tentativas que poderiam resultar em uma pontuação superior.
Mas, seja por um pouco de sorte, ou por uma escolha eficiente de estratégias, seus adversários acabaram conseguindo apenas pontuações inferiores. Com exceção do sueco Tomas Kristiansson, que conseguiu a exata mesma pontuação. Porém, o desempate se deu pelo tempo, e nisso Dechichi levou vantagem por quase 8 minutos de diferença.
Esse resultado além de impressionante, e de dar o título para Gabriel, era também o recorde nacional na época. E contra tudo e contra todos, ele alcança essa incrível marca, e trás mais um título mundial para nosso país.

Gabriel Dechichi

Menções honrosas


Além disso, na mesma edição, tivemos outros brasileiros que chegaram em excelentes colocações, e que vale uma menção honrosa. Talvez a maior delas para Pedro Roque, possuidor de diversos títulos brasileiros, que ficou na segunda colocação do cubo 4×4, quebrando ambos os SARs. Perdeu apenas para o grande Feliks Zemdegs.
Além dele, tivemos Israel Fraga, com NR de 4×4 vendado, na sexta colocação. Gabriel Bucsan, com 17.11 de média no Square, menos de 1 segundo atrás do Podium. Heron Sato, na sétima posição no Clock, a poucos décimos do podium. Gabriel Dechichi, no 3×3 vendado, na quinta colocação e próximo também de mais um podium. Pedro Roque novamente, na quarta colocação do 5×5, apenas 1 centésimo atrás do terceiro colocado. E no 3×3, tivemos Gabriel Dechichi e Pedro Roque representando na sexta e sétima colocação.
Tirando esse mundial de 2015, nunca mais tivemos um brasileiro entre as 3 primeiras posições. Porém, um destaque especial para Iuri Granjeiro. Em 2019, com muita competição, ele alcançou a quinta colocação na modalidade 3×3 com uma mão. O detalhe é que com apenas dois décimos a menos, ele teria sido vice-campeão mundial. Isso foi o mais próximo que chegamos de um podium fora do país, em um torneio mundial.

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